Colostomia Temporária: Quando está indicada a cirurgia de reversão?

COLOSTOMIA

I. INTRODUÇÃO

Apesar de uma diminuição global nas últimas décadas do número de realizações de colostomias temporárias, esta ainda é uma técnica cirúrgica de grande importância no arsenal de opções terapêuticas do CIRURGIÃO DIGESTIVO/COLOPROCTOLOGISTA.

II. EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS

As colostomias, também conhecidas como ostomias, geralmente realizadas em caráter de urgência são desagradáveis para os pacientes e podem trazer uma série de eventos adversos pela sua presença, em especial o risco de infecção de parede abdominal, prolapso (saída) do intestino pela colostomia, oclusão intestinal e as hérnias (enfraquecimento da parede abdominal) para-estomais (ao redor da colostomia), variando a incidência desses eventos adversos  em até 60% dos pacientes.

III. RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL

Até o momento não se encontra consenso na literatura médica em relação ao tempo ideal de fechamento de uma colostomia temporária. O período clássico de 8 a 12 semanas, encontrado na maioria das publicações, deve ser analisado com grande senso crítico. Os trabalhos científicos especializados identificam taxas de eventos adversos relacionados a cirurgia de fechamento da colostomia ou reconstrução do trânsito intestinal extremamente variadas, com índices que vão de 10% até quase 50% dos casos.

O que podemos identificar a partir destes dados é que as cirurgias de decolostomias (cirurgia de reversão de colostomia) são cirurgias complexas e de difícil comparação entre os casos individuais em virtude da especifidade das indicações clínicas. Contudo os fatores inerentes ao próprio paciente, tais como:

1. idade (acima de 45 anos);

2. comorbidades associadas (presença de Diabetes e Hipertensão Arterial);

3. uso crônico de medicações (tais como Corticóides);

4. grau de desnutrição (Albumina sérica menor que 3,0 g/dl); e

5. doença de base que levou a cirurgia de colostomia exercem influência direta no aumento da morbidade (taxa de eventos adversos) dessas operações.

Desta forma, uma diverticulite aguda complicada, um tumor de cólon obstrutivo, uma lesão colônica por projétil de arma de fogo ou arma branca, ou ainda uma perfuração durante um exame endoscópico provocam, dependendo do paciente, respostas metabólicas e endócrinas variáveis, promovendo também efeitos diversos no processo de cicatrização das feridas no pós-operatórios. Portanto quando da programação das cirurgias de restituição do trânsito intestinal uma das avaliações clínicas de grande importância é a total recuperação do trauma cirúrgico anterior que levou a realização da colostomia que é peculiar de paciente para paciente.

IV. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA

A programação do fechamento da colostomia através da cirurgia de DECOLOSTOMIA é realizada pela avaliação do estado clínico atual do paciente, assim também como a condição em que se encontram os segmentos intestinais envolvidos, que são apreciados pelos exames radiológicos contrastados (ENEMA OPACO – TRÂNSITO INTESTINAL) e  endoscópicos (COLONOSCOPIA) da porção intestinal a ser reconstruída. Outra avaliação  importante é que, do ponto de vista técnico, colostomias feitas em caráter de urgência e a presença de aderências intra-abdominais podem resultar na necessidade de ressecções adicionais de segmentos intestinais.

V. PROGNÓSTICO

Os eventos adversos mais comuns da cirurgia de reversão de colostomia são as INFECÇÕES e os VAZAMENTOS DA ANASTOMOSE (FÍSTULAS). Os resultados da cirurgia de reconstrução intestinal segundo Gomes da Silva (2010) foram : tempo operatório médio de 300 minutos (variando de 180 a 720 minutos); a reconstrução do trânsito intestinal foi alcançado em 93% dos casos; a fístula anastomótica ocorreu  em 7% e a infecção de sítio cirúrgico em 22%. A taxa de mortalidade, neste estudo foi  de 3,4% ocorrendo principalmente por sepse abdominal ocasionada pela fístula. Dentre os fatores relacionados ao insucesso na reconstrução da colostomia a Hartmann observou-se associação significativa com a tentativa prévia de reconstrução (p = 0,007), a utilização prévia de quimioterapia (p = 0,037) e o longo tempo de permanência da colostomia (p = 0,025).

Referências: Fonseca et al. ABCD, 2017. & Silva et al. ABCD, 2010.

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Mais informações: Associação Brasileira de Apoio aos Ostomizados